Oportunidades e ameaças na era das marcas
O segredo de identidades construídas e percebidas no exercício de equilibrar as demandas do capital e dos consumidores
Por Walter Faceta Jr.
Houve um tempo em que o valor de um empreendimento confundia-se com a reputação do produto comercializado. O mito de fundação do moderno mundo das trocas tem origem no acaso “newtoniano” que sucede à imperatriz chinesa Si Ling Chi, em tempo remotíssimo, por volta de 2.700 a.C. Reza a lenda que um casulo do bicho-da-seda despregou-se de uma amoreira e mergulhou caprichosamente em sua xícara de chá. Lidando com a intrusão, ela teria conseguido transformar o filamento em um pedaço de tecido.
Não demorou até que a técnica inspirasse um negócio, a príncipio restrito aos clãs da China, mas logo estendido para além das fronteiras. A rota da seda ligou um califa interessado em embelezar seu harém, a seda era a própria marca de luxo. Por sua leveza e textura única, carregava o feitiche da mercadoria a qual poucos podiam ter acesso.
Sem propaganda, esse já era um mundo de signos de referência. Na empoeirada e insalubre tumba do faraó Tutancâmon foram encontradas ânforas de vinho com inscrições que ofereciam informações sobre o fabricante. E nas ruínas de Pompéia, os arqueólogos localizaram jarras de vinho de marca primitiva, o Vesuvinum.
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